Quinta-feira, 31 de Janeiro de 2008
IX - Conversas telefonicas

 

 

IX
 
CONVERSAS TELEFÓNICAS
 
 
 
 
 
 

 

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VIII - Sozinhos 1.b

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por Infiel às 17:49
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VIII - Sozinhos 1.a

 

 

VIII
 
SÓZINHOS
 
 
*
Sente o frio e a solidão. Compra um computador. Era fanatica de jogos, absorvia-se, entrava nos jogos e, esquecia que existia!
Pelo aniversário do casamento não lhe telefonou, tão pouco nos seus anos. Devia estar ocupado, como lhe tinha dito, andava a ganhar S/ 20 por dia e, não os podia gastar para telefonar a ela. Mas escreveu uma carta, dizia que a amava e que gostava de estar ali.
Ela não estava tranquila. Tão poucos telefonemas, cartas só com queixas, ele mesmo dizia que, tinha a sensação de remar contra a maré, como se estivesse a desafiar o destino, mas gostava de lá estar! O tempo haveria de passar.
Pelos anos dele telefonou-lhe a receber os parabéns. Nem agradeceu a encomenda que lhe tinha enviado com amêndoas e goluseimas para ele e seus meninos pela Pascoa. Nada se passava, só estava calor.
*
Uma manhã de Junho acordou em pânico, precisava de estar com ele. Tinha saudades dele, dos cães, de estar na sua casa, sentia-o em perigo e tinha de ir embora.
Nem pensou que tinha viagem marcada para Novembro, só mais uns meses e iriam ficar juntos. Sentia-o em perigo e tinha de ir. Ninguém lhe disse para falar com ele, esperar um mês mais. Falou com uma amiga que concordou com ela; não iria perder muito dinheiro se lá estivesse 15 dias, seriam umas férias. Poderia descansar, dormir, estar com ele. Em 4 meses mais compensaria a viagem e estaria com mais força!!!
Ela não dormia muito bem. Precisava dele a seu lado, esqueceu todos os defeitos, todas as necessidades e, também a sensação que ele a estava dispensando.
- “Marca-me viagem para Lima”
- “Para quando?”
- “Ontem!” - com um sorriso
- “E voltas?”
- “Sim , em 2 semanas”
Mas, não conseguiram confirmar o regresso, estava em waiting list.
Ele não telefonava, não sabia como avisá-lo que ia regressar.
 
Fez a viagem de novo: Lisboa – Frankfurt – Aruba – Lima – Pucallpa. Chegou às 10 da noite, hora local. Conseguiu um taxista que não teve receio de fazer a viagem até ao km 54, mas pediu-lhe autirização para a esposa o acompanhar, a estrada era perigosa, tinha chovido e haviam buracos. O preço que pagaria no hotel e dormir mais uma noite só, era mais alto do que se pôr a caminho. Lembra-se de tudo isso, com pormenores, a conversa sobre o preço a pagar, a senhora a sentir-se indisposta com a viagem tão longa, o calçar das botas para entrar no Fundo, substituindo o seu calçado de viagem por umas botas que aguentariam a lama do caminho ...
E, para quê???
*
- Mais uma vez se culpava. Tudo tinha feito para que ele se sentisse bem, todos os desejos satisfeitos e a paga: desprezo. Tinham sido 4 meses de solidão, tinha recebido 2 cartas, a 1ª dizendo que a amava, a 2ª que gostava muito dela. Que se estava a passar? Estaria com outra? Porquê? Ela não era suficiente mulher para ele? Não lhe tratava das feridas, da casa, dos câes, não trabalhava, nunca tinha comprado luxos para ela, sempre pensava primeiro nele?! Porque não lhe dizia que tinha saudades dela? Que o mais importante era estarem juntos e, que isso seria mais importante que terem mais dinheiro?! Ainda tinham bastante, não estariam a morrer de fome tão cedo...
 
Foi desligar o gerador, já estaria a acabar o combustivel. Eram 11 da noite e ele ainda não tinha regressado. Já tinha chorado, sentia-o com ela, não como das outras vezes, mas sabia que se tinham encontrado. Porque não voltava? Ela tinha-lhe dito que estava com maus pressentimentos e ele deixa-a sózinha de novo. Por que não consegue ir à cidade, fazer as compras e regressar? Por que tem de andar às voltas, jantar, dar mais voltas, ir à discoteca, visitar este ou aquele, andar às voltas? Por que não regressa a casa cedo? Por que tem sempre de comer na cidade? Não se importa que ela fique sózinha? Não sabe que ela não come, nem dorme, sem ele regressar? Em Portugal, quando chegava sempre lhe dava um beijo, lhe tocava com malícia. Depois, não mais, absolutamente nada. Desde que tinha ido para o Peru a sua relação sofreu, e para pior. O desinteresse de como se vendiam as coisas, ele só queria saber quanto dinheiro tinham, quanto tinha rendido a venda, a como estava o dólar.
*
Queria ir embora, fazer a mala e desaparecer. Não havia retrocesso. Ela já tinha pensado diversas vezes em o fazer. Uma altura até fez um esquema de vingança.
Compraria um jeep, deixa-lo-o escondido no pueblo, daria veneno às vacas, partiria a loiça, os quadros, rasgava o colchão, que tinha comprado em Lima e que teve de pagar com o visa já em Portugal para não o deixar com menos capital, pegava nos dois machos e, iria para o Norte-Oeste, à aventura. Queria vê-lo de rastos.
Mas eram só momentos de raiva, pedia a Deus que os transformasse em oração. Sentou-se nos degraus da varanda, observando as estrelas que iluminavam todo aquele cenario. Estava longe de tudo, estava no meio da escuridão total.
 
*
- Era meia-noite quando chegou ao km 54, tudo escuro, nem lua havia. Pensou em aproximar-se e bater á porta mas lembrou-se que a poderiam receber de espingarda, visitas àquela hora só podiam ter más intenções, tinha de fazer barulho, chamava os cães. Estava excitada de emoção, ia estar com eles!
Assobiava e gritava os seus nomes. O taxi tinha ficado na estrada porque o portão estava fechado a cadeado. Caminhava os 200 metros até á casa tentando evitar as poças de lama e chamava os cães.
*
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VII - Planos 1.c

 

 

 

 

 

 

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Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008
VII - Planos 1.b

 

 

À chegada a Lima as coisas não melhoraram. Horas perdidas a tentar saber notícias dos cães, que não viam estavam a fazer 40 horas. Tinham sido levados junto com a carga para o armazem da Alfandega.
O Veterenario tinha tido medo de os observar e só por isso os chamaram e confirmaram que os bichos estavam bem. Eram bichos muto grandes e uma verdadeira excepção aparecerem no País.
A carga tinha de ser toda inspeccionada, nem lhe deram crédito às folhas passadas a computador descriminando tudo o que havia em cada caixa. Cada caixa estava numerada e cada folha descriminava o que se encontrava em cada uma.
Teriam de aguardar a sua vez! O armazén enorme, estava apinhado de caixas. Tudo o que entrava no País teria de ser inspeccionado!
Passaram mais dois dias. Na companhia de aviação já a conheciam. Sim, não haveria problema de adiarem, mais uma vez, o voo. A ligação para Pucallpa era feita com aviões mais pequenos, só eles tinham muita carga e animais vivos, a companhia teria de ser avisada do transporte.
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Desesperada pela espera, pela burocracia, pelos cães fechados num canil, dentro do proprio armazem, telefonou à Directora do Ministerio de Agricultura. Duas horas depois a sua carga estava a ser inspeccionada!
Abriram todas as caixas, uma por uma. Sentiu-se violada, mãos estranhas a mexerem nas suas coisas (as únicas coisas que não vendera, as coisas de que não se queria separar), empacotadas de maneira a não se quebrarem. Fugiu para não se zangar, o marido que fosse controlar a inspecção.
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Desconfiança e abuso. No momento de fazer o cálculo para o pagamento do imposto, o inspector seguiu as folhas dela e não o relatório dele. Esteve até à 1 da manhã com o inspector a fazer os cálculos, para poderem continuar viagem para Pucallpa. $1.000 de imposto! Estava a tornar-se caro viver na América do Sul! Um Peruano subserviente ajudou-os no meio do labirinto burocrático, a troco de $100, depois de ter pedido $200!!!
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Mais 1 hora de viagem. Felizmente o camião do Ministerio de Agricultura estava à espera deles. Ao levantarem as caixas novamente lhe pedem para pagarem mais um imposto. Estão loucos? Recusaram-se a pagar mais impostos. Mas, no caminho Apolo perdeu S/10.
Os cães, finalmente livres das jaulas, corriam no jardim do Ministerio de Agricultura. – já era noite, tinham passado 3 dias em Lima!
Continuavam a ter maus indícios e, não se apercebiam.
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A primeira noite dormiram no hotel que tinha água quente ou melhor, tentaram dormir, porque o barulho dos motocars, o tiroteio entre a policia e uns assaltantes, os mosquitos e a musica que vinha nem sabiam de onde enchiam o quarto. No dia seguinte foram buscar os cães que tinham ficado fechados num armazem do Ministerio e no mesmo camião que os tinha ido buscar ao aeroporto fizeram os 54 kilometros até á Ganadaria Estatal.
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Ficariam em San Jorge, na casa de hóspedes, simpaticamente cedida pelo director da Ganadaria, até terem a sua própria casa construída. A Ganadaria Estatal de San Jorge pertencia a um projecto de estudo e desenvolvimento de gado leiteiro na selva. Vacas que em Lima poderiam produzir 40 litros de leite, na Selva não produziam mais de 5 litros, a maior parte delas morriam com o calor; aí faziam-se cruzamentos de raças, nacionais e estrangeiras, para aumentar a produção e longevidade dos animais leiteiros. Toda a produção leiteira era vendida diariamente na cidade, quer em forma de leite quer em queijo. A Ganadaria deveria ter mais de 5000 cabeças, espalhadas por diversos pastos e estabulos.
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A aldeia era constituída pelas casas dos trabalhadores (vaqueiros, ordenhadores) um hipotetico posto veterenario (onde o medico era um vaqueiro que tinha conhecimentos ganhos por experiência propria e o enfermeiro, um ordenhador ex-enfermeiro do Hospital de doenças exoticas da cidade), havia uma mercearia, um posto de venda directa de queijo, um escritorio e diversos armazens para as alfaias agricolas, além da enorme casa do gerador que fornecia energia á propria aldeia, das 18 ás 22 horas, além de um café onde se reunia toda a gente para conversar e ver o único canal televisivo que chegava áquela parte da estrada (numa televisão a preto e branco).
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A casa era enorme mas raramente utilizada nos últimos anos. As caixas foram empilhadas na sala e, depois do quarto limpo, mudaram-nas para a parede ao lado da cama. A primeira visão matinal eram as caixas de esferovite seladas com o carimbo da alfandega de Lima.
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VII - Planos 1.a

 

 

VII
 
PLANOS
 
 
 
 
 
 
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Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008
VI - A Viagem 1.c

 

 

Cada vez se embrenha mais na serra se bem que a vegetação continuasse exotica as subidas eram mais pronunciadas e o clima era mais fresco. Passa da Selva para a Serra mas de repente o taxi pára.
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Á frente havia um ribeiro, provocado pela derrocada de terras que tinha inundado e destruído a estrada Alguns trabalhadores municipais olhavam para o cimo onde corria a cascata e indicavam ao motorista que poderia passar um pouco mais á direita sobre umas pedras que não estavam demasiado afundadas. A agua era limpida mas tinha corrente. O taxista pede aos passageiros para sairem e tentarem passar o ribeiro a pé. Com a ajuda de um dos trabalhadores, Diana salta de pedra em pedra e retira a maquina de filmar do saco e prepara-se para filmar algo que imaginava seria unico na sua vida.
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Liberto de seus passageiros o taxi enfrenta a agua mas a pedra não era tão estável como o outro pensava e... o taxi colectivo, fica preso na água, no meio da estrada. Já estava a perceber por que o outro não lhe tinha alugado o carro bonito!!! Com muita manobra e com a ajuda de quase todos os trabalhadores retiram o carro da agua. Este pára um pouco acima e abre as portas e o porta bagagem. De todo o lado corria agua. “Foste esperta em não te separares da tua mala! – comentou a passageira da frente. Era a unica bagagem seca.
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Huanuco era fresca, rodeada de cerros, pessoas diferentes, mais andinas, mais limpeza, um rio que corria para norte, ruas de traçado espanhol, setecentista, simples e simpaticas. As mulheres usavam chapeus de coco pretos, tinham saias coloridas e olhos negros. Estava no coração dos Andes! Visitou as ruínas, como turista, mas, nada de terrenos – eram muito pequenos e, tornavam-se caros. Conheceu gente e, fez amigos, jovens que ficavam maravilhados por conhecer alguém da Europa. Esperou pelas 9 da noite para poder regressar à cidade do amor e do calor, como era conhecida Pucallpa, no meio de cabras, porcos, batatas, cheiros. Instalou-se no lugar atribuído pelo controlador, depois de lhe retirar o numero de passaporte, nome, residência, ninguem entrava sem ser totalmente identificado e comprovado com documento.
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De volta ao hotel ainda se ri, ao recordar a surpresa dos militares quando lhes mostrava o passaporte, quando lhes respondia que estava só e que, a câmara de video era dela, que fazia um filme para a família, que não era jornalista. Muitos nunca haviam visto uma máquina tão pequena.
De tantos em tantos kilometros havia controle militar, todos saiam e faziam duas filas, homens para um lado e mulheres para outro, controlavam os documentos de identificação, os números, a desconfiança. A primeira vez que teve de deixar o seu lugar para se pôr na fila, achou uma certa piada mas, quando se viu obrigada a repetir a situação, recusou deixar o autocarro, não se sentia disposta a se pôr numa fila ao sol para mostrar um passaporte que ninguem conhecia e explicar, mais uma vez porque estava só e que fazia ali. Os soldados já que entravam no autocarro para observar bagagem, também poderiam ver o seu passaporte! E resultou, os estrangeiros são um estatuto á parte, rapidamente se deu conta disso e, aproveitou-o da melhor maneira possivel, a seu favor. Era tudo o que se pensava de um País na América Latina e em estado de guerra.
 
A Directora do Ministerio de Agricultura, Olivia, não a deixava vaguear, dando ordens para que a acompanhasem a todo o lado. O motorista da Directora mostrou-lhe o que havia de melhor – as experiências com solos e adubos para poderem ter hortas, a experiência com minhocas, para tornarem os solos mais produtivos, as pisciculturas, o Parque Natural, com animais em vias de extinção, os pratos regionais, as danças locais. Explicou-lhe que, o Ministerio sómente poderia ajudar associações, cooperativas, não pessoas individuais – no interesse de desenvolver a região, ajudando os mais necessitados. Na cidade pouco se produzia, a maior parte das coisas vinham de Huanuco: galinhas, porcos, ovos, frutas (excepto mangas, ananazes, alguns tipos de bananas, cítricos e, pouco mais). O que a cidade produzia não era suficiente para a alimentar. Pucallpa dependia do exterior, ligada por uma estrada que estava alcatroada nos primeiros 60km e tinha iluminação pública até ao km 5.
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Passeando pela cidade, lembra-se de pensar: “Se ele conseguir ser feliz aqui eu também vou ser! As roupas não são bonitas, mas alguma coisa hei-de arranjar, além do mais o terreno é bonito e, podemos ter a nossa própria horta e frutas. Estamos tranquilos, nem precisaremos de vir à cidade muitas vezes!”
 


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VI - A Viagem 1.b

 

 

 

 

 

 

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publicado por Infiel às 16:16
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VI - A Viagem 1.a

 

 

VI
 
A VIAGEM
 
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Espera de cinco horas no aeroporto de Madrid. Um avião enorme, com péssimo serviço. Longas horas a atravessar o Atlântico, o relógio de pulso indicava 10 da manhã mas, pela janela as estrelas continuavam a brilhar e a lua acompanhava o trajecto. Confuso os fusos horários. Santo Domingo, nascer do Sol, falar Espanhol. Poucas horas faltam. Já falta pouco.
Norte da América do Sul, Selva, montanhas, neves eternas, caminhos áridos, as ilhas, o Pacifico, Aterragem! 22 horas depois!
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Ali não haviam mangas, nem autocarro para levar os passageiros ao edificio, havia que caminhar. Confusão de bagagem, esperar. E agora?
Ela já havia viajado antes, por toda a Europa, sózinha, com uma amiga, com ele, com turistas... O normal, apanhar um taxi para o hotel – era conhecido de certeza.
Quanto pagaria? No balcão de Informações turisticas, a menina indicou $20. Por mais que se recordasse da reportagem sobre os taxistas limenhos, por mais que pensasse que aquilo era América do Sul, com toda a má fama que tinha, não estava preparada para o “assalto” dos taxistas, da ajuda dos miúdos, das discussões sobre preços, dos cheiros.
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No taxi não lhe deram autorização a filmar com a janela aberta porque lhe roubariam a camara, antes de se dar conta. Ela queria filmar tudo, para que ele pudesse saber como era.... O ruído, a velhice dos veículos, o fumo, a poluição, a pobreza!
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Quando chegou ao quarto rompeu a barreira da lógica e sentiu terror, chorou como nunca, tremia de medo, desfez-se em mil bocados.
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Quanto tempo? Bastante. Até que conseguiu encher a banheira de água quente e deixou-se acalmar. Agradeceu ao seu anjo lembrar-se de reservar um quarto num hotel de luxo. Porquê tanto terror?
Por tudo ou, talvez, uma adivinhação do seu futuro naquele País.
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Fez tudo o que, no seu entender, deveria ter feito: avisou o Embaixador que tinha chegado e, para onde ia, informou-se no Ministério de Imigração sobre o que necessitava fazer para se tornar residente, comprou um livro sobre o País, deu uma volta pela cidade, confirmou o carro para o dia seguinte, informou-se sobre a situação politica – continuava em estado de alerta, mas já não havia guerra. Telefonou ao marido e preparou a viagem para Pucallpa – 840 km, deveria levar aí umas 10 a 12 horas, mesmo contando que muitas das horas fossem para subir os Andes. Partiria cedo. Já tinha comprado comida e água.
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No dia seguinte ás 8 da manhã esperava que o rent-a-car abrisse, fins de Fevereiro de 1995. Em umas horas estaria na cidade!
O empregado é simpático, conversa agradávelmente enquanto preenche os formulários de aluguer. Conta-lhe que o carro já está à porta do hotel e que tem ar condicionado, é um modelo recente, 4 portas, enfim, seguro e confortável . Tudo normal e eficiente até ao momento em que pergunta onde iria ficar.
- “Pucallpa?! Não pode ser, não com este carro.”
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Deixou de o escutar na altura em lhe disse que nunca chegaria a Pucallpa com aquele carro, que não havia estrada. Ela apontava a estrada que o mapa indicava mas, o recepcionista continuava dizendo que com aquele carro nunca iria chegar a Pucallpa. Sugeriu alugar um jeep. Havia disponibilidade e em uma hora poderia partir.
Mas, primeiro nem o acreditou, pensou que fosse conversa de vendedor depois, a diferença de custos era enorme, mesmo com o desconto de profissional de turismo, seria uma exorbitância. Lá concordou em ir de avião, não era caro e lá haveria possibilidade de alugar um carro. Havia um avião às 12.30h.
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Já nada fazia na cidade, toma um taxi para o aeroporto e paga S/20 (3 vezes menos que na chegada).
Havia um atraso, ligeiro! Só que o ligeiro atraso se prolongou até às 8 horas da noite. Embarcou, sem pressa nem desejos, sómente cansada.
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Todos os passageiros a bordo, portas fechadas. Mais um voo! E... os motores param!
O ar condicionado desliga-se, as luzes apagam-se, o cheiro a pó e a galinhas, a transpiração enche o ar.
*
Pela janela vê um tractor agrícola puxando o avião até à pista. Minutos vagarosos. Heis que o motor recomeça a girar, lá se mete à pista e se ergue no ar.
Não tem medo mas questiona a possibilidade de chegar ao seu destino. Já é escuro, há chuva, turbulência, pessoas rezam, o avião queixa-se mas, aterram 55 minutos depois.
*
Estava a chover torrencialmente, mas quando pôe os pés na porta é invadida por uma onda de calor inexplicável. Há soldados por todo o lado, desde do avião até a uma porta ao fundo, nas torres, na pista controlando os passageiros e o que sai do porão, com G-3 nos braços. A vegetação é exótica, o aeroporto é uma barraca, putos descalços descarregam a bagagem.
- “Estou na Selva!” – havia surpresa no seu pensamento.
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publicado por Infiel às 13:50
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V - Ideia de Genio 1.b

 

 

 
 
 
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publicado por Infiel às 12:23
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Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2008
V - Ideia de Genio 1.a

 

 

V
 
IDEIA DE GÉNIO
 
 
Lembra-se e, tem imagens contraditórias. As noites na Selva começam cedo. Ali não tem TV com dois satélites, nem radio para saber notícias. Estava sózinha e ele nem estava no Hospital, nem a tirar peixe na doca. Desprezava-a e tinha-a trocado por outra.
*
Esmagou o cigarro no cinzeiro e, acendeu outro. Estendeu-se na cama enorme, pela janela podia ver as estrelas mas, não eram o suficiente para a relaxar e deixou-se levar pelas imagens e recordações. Como tudo tinha começado. Porque tinha ido para a Selva.
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Haviam razões lógicas, racionais, para se meterem nessa aventura, foram ponderadas, estudadas, mas nada levava a crer que o objectivo fosse a separação definitiva. A traição. E só essa palavra é suja. O eclodir de todas as frustrações, desejos e necessidades.
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As contradições, as peças do puzzle, os actos e o desenvolvimento e a solidão.
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Ela estava na Guarda, com o seu amigo Max, um Suiço que queria ter a sua firma de desenvolvimento de software em Portugal. Viam escritórios e faziam entrevistas a futuras empregadas. Como todas as noites, falavam ao telefone.
*
-“Sabes, amor, vamos comprar um terreno na América do Sul. Podemos estar mais tempo juntos, trabalhamos para nós, temos espaço para os cães. Lá a vida é mais barata.”
-“Estás louco? Onde foste buscar essa ideia?” – mesmo acostumada a ideias fora do comum esta tinha-a apanhado desprevenida..
- “Estive a pensar, estou farto desta vida, não vamos a lado nenhum aqui. Aqui nada se consegue. Podemos ter uma quinta para nós. Agricultura de sobrevivência. A Europa vai entrar em guerra, a pesca em crise, isto vai tudo ao ar e a gente safa-se para um sítio seguro. Não temos de pagar renda, nem água, nem luz. Trabalhamos para nós. Que achas?”
- “Meu géniozinho de trazer por casa, a gente fala melhor quando eu chegar. Tenho saudades tuas. Aqui está um frio de morrer. Um nevoeiro cerrado.”
- “ O Max?”
- “Amanhã vamos para Aveiro falar com uns professores da Universidade. Pode ser que estejam interessados em participar no programa. Já terminaram as entrevistas, agora temos de escolher uma pessoa.”
- “Que pensas? Vai dar resultado?”- nem havia escutado a resposta á sua pergunta.
- “Não me agrada, mas vamos ver! Convence-me!”
**
*
Uma quinta? A casa, que tinham começado a construir no terreno da avó, tinha ficado no primeiro piso. A avó tinha falecido e, os herdeiros não davam autorização a continuar a construção. Uma história de fantasia evaporada. Tinham tentado comprar um terreno noutro sitio, mas, por uma razão ou por outra, não concretizavam a compra.
Era verdade, ali não iriam a lado nenhum. Ele não passaria de Pescador, com uma vida de escravo e com os problemas que a Pesca estava a passar, ela, por melhor profissional que fosse, sempre faria o mesmo e, por vezes, o ânimo faltava, eram sempre as mesmas perguntas, já adivinhava os problemas só de olhar um cliente. Já sabia que circuitos iriam comprar ou não. Havia a Gina para a substituir, pouco a pouco ia fazendo-a entrar no esquema de trabalho.
Ter uma quinta por mais bucólica que fosse a ideia, daria trabalho, mas, sim, estariam a trabalhar para eles. Não havia a necessidade de consumismo. Estariam mais tempo juntos e, ele, poderia fazer algo que realmente gostasse, iria sentir-se feliz e, ele estando feliz ela estaria ainda mais!
*
*
- “Que Continente? Que País?”
- “América do Sul, Bolívia. Segundo a Enciclopédia Geográfica é o País mais pobre e, aí o nosso pouco dinheiro parecerá muito.”
- “Como vamos fazer?”
- “Não sei!”
- “Devemos, talvez contactar a Embaixada aqui, ler artigos, saber preços, sei lá! Temos de saber o que fazer para se poder comprar um terreno como estrangeiros”
*
Mas não havia Embaixada Boliviana em Portugal. Todos os documentos teriam de ser tratados via Paris.
- “Temos de encontrar outro País”
- “Aqui, o Peru, é o mais pobre a seguir à Bolívia e, há Embaixada em Lisboa.”
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IV - Lua de Mel - Lua de Fel

 

 

IV
 
LUA DE MEL – LUA DE FEL
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III - Casamento

 

 

III
 
CASAMENTO
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